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O Impacto dos sistemas alimentares e da alimentação nas mudanças climáticas: resultados de países da América Latina

Posted on May 6, 2021
Bolivian women at food market

Por: Leticia Cardoso, Brent Langellier e Nancy Olmedo
Projeto SALURBAL

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A epidemia de má nutrição (que envolvem a desnutrição e a obesidade) e as mudanças climáticas globais, chama atenção por seus determinantes comuns, entre eles os sistemas alimentares atuais. A maior parte dos sistemas alimentares (baseados nas monoculturas, globalizados, com cadeias longas de distribuição e que não respeitam práticas ambientalmente sustentáveis), geram impactos ecológicos, diminuem a diversidade biológica das espécies, promovem a insegurança alimentar, causam prejuízos na saúde consumidores e trabalhadores, geram impacto econômico e social porque desvalorizam os pequenos agricultores e influenciam na cultura alimentar.

Especificamente sobre os danos ecológicos, os sistemas alimentares hegemônicos com grande incentivo ao consumo de carnes e derivados levam a um aumento na produção de gases de efeito estufa, e consequentemente à mudanças climáticas e ao aquecimento do planeta. Por outro lado, já se sabe que o aumento nas temperaturas globais podem gerar prejuízos na produção das grandes culturas, como por exemplo, milho, arroz e trigo, redução do aporte hídrico, prejuízos por enchentes aos pequenos agricultores e com isso na produção e distribuição de alimentos.

Países da América Latina que vem experimentando mudanças em sua alimentação nas últimas décadas, com grande aumento de consumo de carnes e derivados, alimentos ultraprocessados e diminuição do consumo de frutas e hortaliças, tem gerado aumento nas doenças crônicas também tem contribuído para emissão de gases de efeito estufa na atmosfera. Estudos conduzidos na Argentina e no Brasil, mostraram que o consumo de carne, contribuiu com 71% e 68%, respectivamente, dos gases emitidos. Análises recentes conduzidas por Dr Nancy López Olmedo e Dr Brent Langellier, com dados consumo alimentar dos mexicanos, mostraram que somente 30% das emissões são provenientes do consumo de carnes (todos os tipos) e ovos. Estudos adicionais chamam atenção para o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados e seu potencial impacto nas emissões e nos danos ambientais na região.

"Estudos conduzidos na Argentina e no Brasil, mostraram que o consumo de carne, contribuiu com 71% e 68%, respectivamente, dos gases emitidos. Análises recentes conduzidas por Dr Nancy López Olmedo e Dr Brent Langellier, com dados consumo alimentar dos mexicanos, mostraram que somente 30% das emissões são provenientes do consumo de carnes (todos os tipos) e ovos."

Uma intervenção relevante é a consideração de princípios de sustentabilidade ambiental nas recomendações alimentares e nutricionais, como nos Guias Alimentares dos países. Uma revisão da literatura mostrou que poucos são os países do globo que recomendam o consumo de alimentos produzidos dentro de práticas e sistemas ambientalmente sustentáveis, que incluem práticas agroecológicas ou agroflorestais, sem uso de pesticidas, com valorização dos pequenos produtores e que incentivem circuitos curtos de distribuição e valorizem a cultura alimentar local. Na América Latina, somente o Guia Alimentar da população brasileira reconhece a interdependência entre as práticas alimentares saudáveis com sistemas alimentares ambientalmente sustentáveis. A sustentabilidade ambiental é condição sinequanon para a garantia da segurança alimentar dos povos. O campo da saúde urbana está conectado à esses temas e os pesquisadores do projeto Salurbal tem estudado esse assunto. Em breve, teremos resultados originais aqui no SALURBlog.
Posted in localnews, Food Systems, Sustainable Development